A Vingança do Joaquim

Por:   Pedro Branco                    

Esta é uma obra de narração fantástico-cientifica de conteúdo pseudo-imaginário, qualquer semelhança com a vida real é pura realidade. :-)


   O calendário dizia que aquele dia era dia de Carnaval, 16 de Fevereiro, Terça-feira. Os relógios marcavam 14:23. O tempo estava quente, nem parecia inverno. É com estas circunstâncias espaço-temporais que vamos encontrar o Joaquim a sair da sua casa em Estombar. O Joaquim tem 17 anos (mas ninguém lhe dá mais de 15), logo podemos concluir que é algo enfezado, tem cabelo grande e uma particular propensão pela música. Este nosso personagem, devido a essa sua mania, gastou parte do muito dinheiro que ganhou no verão, trabalhando como a maioria dos jovens da sua idade, na aquisição de um walkman MiniDisc que lhe custou cerca de 35-40% do total do montante final do sua labuta no meio hoteleiro algarvio que vê a sua rentabilidade crescer nos meses de Estio. Sai o Joaquim de casa a caminho da estação para ir para Portimão (que bonito, rimou ...), visto não ter a habitual acelera do jovem da sua idade, não por falta de divisas mas sim por vontade própria. No caminho para a estação de modo a chegar a Portimão (olha, rimou de novo ...) o Joaquim passava pelo jardim/praça de Estombar onde há sempre rebuliço, no bom e no mau sentido. Sendo aquele dia dia de Carnaval, é natural que animação que decorria no jardim fosse de folia e brincadeira (que no fundo vai tudo dar ao mesmo ...). Só que em vez de usarem serpentinas, bocadinhos de papel ou em último dos últimos casos ovos para atirarem uns aos outros, um grupo de cerca 20 éfebos atirava entre si laranjas. Sim caro leitor, leu bem, laranjas. Esse fruto que se desenvolve especialmente na zona do Algarve, e que quando maduro é portador de uma doçura que suplanta qualquer tipo de mel ou então de Coca-Cola num dia quente. O Joaquim também ficou incrédulo como sua excelência meu leitor, quando constatou a presença daquele quadro bizarro. Mais incrédulo ficou quando testificou que várias laranjas tentavam atingir a sua pele. Apesar desta ocorrência, o Joaquim não se preocupou, visto que das várias tentativas para o atingir, nenhuma surtiu o efeito desejado pelos seus executantes. Assim o Joaquim continuou a sua caminhada a caminho da estação onde iria apanhar o comboio das 14:30 (mas que só deveria chegar pelas 14:35 ...), caminhada musicada pelo tal walkman MiniDisc que emanava uma melodia de teor punk-rock.

    Quando se aproximava da estação, que não passava de um apeadeiro (o Joaquim dizia estação, para parecer mais importante), o Joaquim apercebeu-se que estava a ser perseguido na calada pelos matadores do ícone da vitamina C1 . No momento em que se senta no banco do apeadeiro e constata que o comboio só deverá vir pelas 14:40, apercebe-se que um dos seus perseguidores está a observá-lo a partir da esquina esquerda do apeadeiro. Quando se apercebe da indiscrição de que estava a ser alvo, o espião de ocasião grita para os companheiros:

1ºESTOMBARENSE: Mó, o gaj táaqui 2.

     Posto isto, a situação começa a cheirar mal (sentido figurado) e o Joaquim começa a ficar receoso em relação à situação actual. Aproximam-se os "bombardeiros de laranjas", com o que tinha espiado o Joaquim à frente de um grupo de 6. O Joaquim reage a este impropério levantando-se bruscamente , tirando os headphones bruscamente e fazendo uma careta feia bruscamente ( caro leitor; se pus bruscamente em duas citações, tenho todo o direito de pôr em três). Este gesto foi a gota de água que fez transbordar o copo ...

    Quatro estombarenses avançam em direcção ao Joaquim, revoltados por aquela afronta aos seus orgulhos estombarenses, tomando de assalto o indefeso rapaz que tentou se defender, mas em vão, acabando prostrado no chão a levar socos e pontapés como os da televisão, só que em escala reduzida. No desespero da luta, o Joaquim agarrou-se com nervo à camisola de um dos seus agressores, sulcando um rasgão na costura lateral da blusa do seu antagonista. Por vezes também lhe atiravam laranjas, o que fez com que o seu blusão, que ele carinhosamente apelidava de edredão mágico devido ao seu aspecto algo démodée, ficou igual ao conteúdo de uma garrafa de Sumol ou Orangina ou outro desses sumos com polpa de laranja; nisto um quinto estombarense, que deveria ser o guru deles todos, irrompe pelo apeadeiro a dentro a gritar:

ESTOMBARENSE: Tejam quietos. Qjêt tarem a bater no gáj?

1º ESTOMBARENSE: Atão el provocônes! Tirô os fónes e vê dirêt à gent.

5º ESTOMBARENSE: Sim, mas vocês é que começaram, quando se puseram a atirar-lhe laranjas e a seguíle.

2º ESTOMBARENSE: Atão mas olha lá! El rasgôme a blusa.

5ºESTOMBARENSE: E por qué que será quele te rasgô a blusa? Vam mas é já para o Nada Roxo, enquant é pêss desculpas Qui ao... Com é qt chamas?

JOAQUIM: Joaquim.

5º ESTOMBARENSE: Jaquim? Na deves ser de cá. É cá sô o Cláudio.

JOAQUIM: Muito prazer ...

5º ESTOMBARENSE: Ó pá, na fiques chateád com ist. Os gájes sã mei lerdes, ma no fundo sã porreires. Podes até aparecer ali no Nada Roxo, sabes ali o café ali ao pé da praça, tás com o pessoal ...

JOAQUIM: OK, OK

5ºESTOMBARENSE: Tá, atão já sabes. Quand quiseres tar aqui com o pessoal de estombar vájali ao Nada Roxo e tás ca gent. OK? Atão tchau.

JOAQUIM: Tchau.

     O Joaquim, que agora parecia um espremedor de laranjas de uma fábrica de sumo de laranja, lá apanhou o comboio que afinal apareceu às 14:503, algo envergonhado pelo facto de estar naquela linda figura em plena via pública. Mas já que se tinha dado ao trabalho não valia a pena voltar atrás. Pouco tempo depois de se instalar no comboio, uma senhora idosa vai ter com ele e dá-lhe uma nota de 500$004. Reacção oposta tiveram duas pessoas; saíram logo no Parchal quando eram para sair em Lagos, protestando contra o sentido de decência da CP e de certos caras-de-pau. O Joaquim até achou isto engraçado e prosseguiu no trajecto estabelecido, chegando também à conclusão que sendo aquele dia, dia de Carnaval, talvez não dessem muita importância ao facto dele estar coberto de sumo de laranja da cabeça aos pés5 .

     Chegado a Portimão, o Joaquim sentia-se algo lixado, pois os seus amigos estavam algo incontactáveis. A sua mais que tudo, a Lobélia, estava na sua terra natal, Carrazeda de Ansiães; o Adversúndio estava com os pais num baile de carnaval, a casa do Cinzento ficava demasiado longe para se ir a pé, o Sven e a Luísa Lúcia estavam na Kirguizia, a Francelina também não estava cá, o Carrapito estava de tal forma (outra vez ...) doente, que não podia receber visitas e o di Bianco estava em Aveiro. Posto isto, o Joaquim decidiu cumprir o principal e agora único objectivo desta sua deslocação a Portimão, que era o de ir ao hipermercado Amostra comprar uma escova de dentes. Lá enveredou ele pelas ruas , vias e avenidas da cidade natal do vencedor do campeonato espanhol de Fórmula Renault de 1996.

    Chegado à entrada do hipermercado, o Joaquim constata que as portas estão fechadas. Que miséria. Então não é que ele se tinha esquecido que aos feriados o Amostra encerrava ?! Resultado: mais uma caminhada por Portimão, para cumprir o objectivo primordial da sua excursão. Chegado ao hipermercado concorrente do Amostra, o Gota Amarga, o Joaquim foi comprar a escova de dentes. Mas já no interior do hipermercado, o Joaquim sente que irá comprar dois artigos em vez de um.. Sim um aroma doce e cálido, corria as alas daquele antro de materialismo maioritariamente composto por mantimentos. Este aroma provinha de um desses mantimentos, um nutrimento que diferia de todos os outros. O Joaquim segue o cheiro e, sim, encontra finalmente o epicentro daquele perfume que circulava por toda a área do hipermercado, sim, a sua gula seria delicada, sim, a broa de milho tinha sido acabada de colocar nas prateleiras da padaria. Pouco tempo depois desta chegada do paraíso à Terra, o Joaquim parte para a última caminhada por Portimão naquele dia, tendo como objectivo a estação, de modo a voltar ao seu lar, doce lar. Pensava que tinha chegado mesmo tempo para o comboio planeado, mas ainda teve de esperar pelo dito cujo 20 minutos.

    Chegado a Estombar, mais concretamente a casa, o Joaquim repara que a mãe chegara de Évora onde fora ver o filho mais novo (logo, o irmão mais novo do Joaquim), o Zeca, que frequentava lá um colégio interno. A mãe espanta-se ao ver o Joaquim naquele estado e pergunta-lhe:

MÃE: Quinzinho!! O que é que te aconteceu, filho?

JOAQUIM (Ainda sob o efeito da broa de milho): Nada, não me aconteceu nada.

MÃE: Como nada?! Então tens a roupa cheia de sumo de laranja!

JOAQUIM: Ah pois é ...

MÃE: Andaste outra vez a comer broa de milho!! Então eu gasto todo o meu salário a tentar reabilitar-te desse maldito vicio, a tentar que tu tenhas uma vida pura e limpa ...

JOAQUIM: Mas, mãe, eu não consigo resistir, é mais forte que eu. Tu pensas que eu não luto, não tento resistir a esta tentação diabólica que me percorre as veias do corpo ?! Pensas que eu te quero ver triste e desiludida comigo? Eu bem me vou esforçando, mas não consigo ...

MÃE (Agastada): Mas isso também me é irrelevante! Quando completares 18 anos sais de casa e isso é ponto assente. Agora diz-me, porque é que estás coberto de sumo de laranja.

JOAQUIM: Levei porrada de uns gajos que estavam a atirar laranjas uns aos outros ali na praça.

MÃE: Explica-te melhor.

JOAQUIM: Isto é assim. Ás duas e vinte saí de casa para apanhar o comboio para Portimão. E como sabes, tenho que passar pelo jardim para ir para a estação. No jardim, estavam uns gajos assim da minha idade a atirar laranjas uns aos outros. Achei aquilo estranho e continuei a caminho da estação. Mas nisto começo a ver laranjas a sobrevoarem-me. Nenhuma me acertou. Chego à estação e quando me sento, reparo que um dos gajos está a um canto da estação a espiar-me. O gajo continua a fazer aquilo, e eu crispado, tirei os fones e levantei-me bruscamente, dando a entender que o estava a ameaçar. Aí, o gajo sai de cena e vai chamar os outros, prá aí6 uns 6 que estavam com ele Aí uns quatro atiram-se para cima de mim, enquanto os outros põem-se atirar laranjas à minha pessoa. Depois lá apareceu um que devia ser o líder deles, que mandou-os para com aquilo e pediu desculpas devido à confusão que os seus "discípulos" armaram. Vi-me depois todo cagado de laranja até mais não, mas já que me tinha dado ao trabalho, decidi ir à mesma a Portimão.

MÃE: Estás me tu a dizer que fostes a Portimão nesse estado?

JOAQUIM: Sim.

MÃE: Cantas muito bem mas não me alegras. A minha decisão mantém-se. Joaquim, está na hora de tornares responsável pelos teus próprios actos.

JOAQUIM: Mas mãe, se eu conseguir provar que estou dizendo a verdade acerca disto tudo, voltas atrás?

MÃE (pouco convencida): Talvez, talvez ...

    Passado este tempo de tensão, a mãe foi fazer o jantar enquanto o Joaquim foi para o quarto ouvir música . O jantar foi servido às 20:00 e parecia delicioso. Contudo, o ambiente à mesa era de cortar à faca, sendo a refeição pautada pelo silêncio e descrição. A seguir ao jantar o Joaquim foi ver um filme qualquer num dos canais nacionais, mas nem se atreveu a ligar a televisão, pois no estado em que estava moralmente não apetecia nada seguir algum filme que de certeza já viu uma vez. Assim decidiu ir logo para a cama, onde matutou sobre o que das 14:23 até ao fim do dia lhe aconteceu. A mãe tinha lhe dito que o queria fora de casa, contudo se provasse que estava falando a verdade talvez ab-rogasse a decisão. Tudo isto tinha acontecido simplesmente porque uns putos estúpidos embirraram com uma careta mais provocadora que as outras e um gesto tarimbeiro. Mas o Joaquim teve também as suas culpas no cartório, ao não conseguir resistir a uma broa de milho acabada de fazer.

 

    Passaram as férias de Carnaval, e no primeiro dia de aulas, o Joaquim volta a encontrar os seus amigos e colegas. A sua amada Lobélia, o Adversúndio, o genial Cinzento, o Sven, a Lúcia Luísa, a Francelina, o Carrapito, o di Bianco, o Manteigas, entre outros. Mas o Joaquim não os recebia com a sua habitual boa disposição, o que foi notado por todos. Depois de um ganda beijo, a Lobélia pergunta-lhe:

LOBÈLIA: Então meu pudinzinho, o que é que se passa?

JOAQUIM: Nada, só uma grande bronca.

( o grande )CINZENTO: É pá, ouvi falar em bronca! Então o que é que se passa, ó Joaquim?

    E o Joaquim volta a contar o que é que lhe aconteceu. Na parte da porrada todos se riram do Joaquim, mas nas partes seguintes, ficaram sisudos. No fim cada um fez o seu comentário:

LOBÉLIA: Oh Joaquim! Então foste cair na tentação da broa outra vez?

SVEN: A Lobélia tem razão. Agora arranjastes a bonita ...

ADVERSÚNDIO: Posso te alugar um quarto lá em casa ... pagas 30 contos por mês e tens casa de banho privativa. Se quiseres, olha que é preço para amigo ...

JOAQUIM: Vai gozando, mas se acontecesse a ti, não estavas para aí a falar.

LÚCIA LUÍSA: Este problema da broa de milho dá cabo de qualquer um. Muita juventude tem assaltado padarias ...

FRANCELINA: ... e o governo vai proibir a venda de broa de milho. O decreto deve sair ainda esta semana.

CINZENTO: Devia-se inspeccionar as clínicas de desintoxicação. Como se pode ver por este exemplo não dão resultado nenhum.

JOAQUIM: É pá! O que me lixou nisto tudo, não foi a broa de milho, mas sim o facto daqueles cabrões me terem enchido de sumo de laranja. O grande problema é como é que eu vou conseguir arranjar provas para me safar.

SVEN: Ouve lá, os gajos são cá da escola?

JOAQUIM: Não, acho que andam todos na C+S de Ferragudo.

SVEN: E consegues reconhecer os que te agrediram?

JOAQUIM: Sim, as caras deles são inesquecíveis.

SVEN: Então que tal se os obrigássemos a dizer a tua versão dos acontecimentos, que segundo nos dizes é a verdadeira, à tua mãe, a tua situação futura não melhoraria?

    Entretanto, ressoa pela escola o timbre estridente do segundo toque, pelo que todos resolvem ir correr para as salas de aula. O Joaquim ia para o pavilhão D ter API, a Francelina, a Lúcia Luísa, o Cinzento, o Aversúndio, o Sven, a Lobélia e o Raimundo, que tinha acabado de chegar, iam para o pavilhão A ter Alemão. Durante a aula de API, enquanto os outros jogavam FIFA 99 ou viam os vídeos da Pamela Anderson, o Joaquim pensou nas questões do Sven, mas chegou à conclusão de que qualquer tentativa hollywoodesca seria inverosímil . No intervalo seguinte, o Sven voltou à carga:

SVEN: Ouve lá, tu disseste que se conseguires provar à tua mãe que toda esta história é verdadeira, ela já não te aplica o castigo.

JOAQUIM: Sim.

SVEN: Então que tal nos juntássemos todos, apanhássemos os gajos todos e fizéssemos um estratagema qualquer que mostrasse à tua mãe que eles são os verdaeiros culpados?

JOAQUIM (céptico): E como é que estás a pensar fazer isso? Tens algum plano engenhoso na manga?

SVEN: Por acaso até tenho. Este é o meu plano ...

    E o Sven conta o plano 7. Tratava-se de um plano audacioso, quase que retirado de um filme qualquer do James Bond, a dar para os lados da inverosimilidade. No fim da sua dissertação, todos olharam para ele algo aparvalhados, não sabendo a melhor maneira de lhe dizer que não devia ver mais filmes da TVI à meia-noite (ou a outra hora qualquer, visto os filmes da TVI serem quase sempre grandes fezes 8). Mas passado algum tempo, eis que alguém diz.

RAIMUNDO: Ó Sven, isso não será demasiado fantasioso?

FRANCELINA: Isso é verdade. Este plano também o meu primo de 9 anos fazia. Mas acho que ele já está muito velho para estas coisas ...

SVEN: Mas pensem bem. Se pensarem bem, vão ver que o plano tem viabilidade.!

ADVERSÚNDIO: Eu acho que se as coisas serem bem feitas, o plano pode ter sucesso.

SVEN: Finalmente alguém que me compreende! Ouve lá, ó Jaquinzinho, não dizes nada? É sobre ti esta discussão ...

JOAQUIM(algo esperançado): Olha eu estou por tudo. Mas se quiserem levar o plano avante eu estou convosco.

SVEN: Então, estão todos comigo, não estão?

CINZENTO: Sim.

FRANCELINA: Sim.

LOBÉLIA: Sim.

RAIMUNDO: Sim.

ADVERSÚNDIO: Sim.

LÚCIA LUÍSA: Bem, não sei ... OK, OK, eu participo também. Disse aquilo só para contrariar, não é preciso olharem-me dessa maneira ...

    Depois de todos terem dado o seu aval ao plano, baptizaram esta mais que certa aventura psicadélica de "Sumo de laranja não combina com broa de milho". Passado o protocolo, o Joaquim, o Sven e o Cinzento foram até à casa do Carrapito, que também participava nesta operação épica, procurar na Internet como fazer bombas caseiras e descobrir uma maneira de fazer os lança-cola, os lança-redes e o poção da verdade (antes disto foram todos dar uma espreitada ao site da Callsex), o Raimundo, o Adversúndio, a Francelina e a Lúcia Luísa foram traçar as rotas a seguir e definir os pontos de GPS e a Lobélia foi falar com o Bananeirão de modo a este emprestar a sua carrinha para fazer o transporte dos sistemas de navegação e se tudo corresse bem, os criminosos. Visto nenhum dos mercenários de ocasião ter carta de educação, o Bananeirão recusou a ceder a carrinha, mas pesaram-lhe os remorsos, pois o Joaquim e o Sven tocarem com ele nos Blankie e a Lobélia e o Adversúndio serem seus amigos de infância. Postos estes factores, o Bananeirão reconsiderou e juntou-se ao grupo de vingadores.

    Depois de recolhidos os ingredientes para a manufacturação do armamento, começou-se a fabricá-lo. Em seguida vai-se elucidar as engenhocas deste grupo de pseudo-vingadores que nós todos admiramos (especialmente o Cinzento). A primeira engenhoca que vamos dissecar são as bombas caseiras. A função destas bombas é somente provocar o pânico pois não têm nenhum efeito destrutivo directo. São compostas no seu interior por fruta podre, normalmente maçãs ou laranjas, cujos cheiros nauseabundos serão despoletados e ampliados, por um mecanismo pirotécnico hípersensível que ao mínimo embate provoca uma combustão tremenda que elevará a laranja ou a maçã, isso cabe ao utilizador decidir, ao estado gasoso para grande infortúnio das vítimas, deixando-as quase desfalecidas com o cheiro provocado pela explosão. Os lança-redes são micro-catapultas que contêm 4 redes cada um e que devido ao facto de estarem tão compactadas, essas redes podem ser arremessadas até 50 metros devido à grande descompressão de que são alvo, dando assim alguma confiança ao seu utilizador. Os lança-cola normalmente só são utilizados quando os lança-redes não surtem o efeito desejado. O lança-cola tem um pequeno motor eléctrico que faz pressão para que a cola saia do recipiente onde está colocada em direcção à porta de saída, que permanecerá fechada até vontade contrária do seu utilizador, a cola a utilizar será a de maior força possível e o obectivo é de dar ao alvo a menor mobilidade possível. Por fim só nos resta falar do poção da verdade, que era um líquido composto por óleo de fígado de bacalhau, vinagre, piri-piri e sal(só para dar gosto). Uma vez ingerido este preparado, a vítima via-se forçada a confessar a verdade, senão via-se obrigada a repetir a dose (como é que a PIDE nunca se lembrou disto ...). Todos os engenhos foram montados na garagem do Adversúndio, visto estar localizada num ponto geoestratégico mais central de toda esta operação.

    A fase seguinte foi o reconhecimento das estradas. No dia seguinte, a seguir às aulas foram todos reconhecer o trajecto. Foram desde a Teixeira Gomes até Ferragudo, uns nos seus respectivos motociclos, os outros na carrinha com o Bananeirão. Testaram diversas rotas de regresso, mas nunca indo para o poiso final da operação que situava nos arrabaldes do concelho. Depois de 3 horas a fazer o trajecto Ferragudo-Teixeira , decidiram delinear o seguinte itinerário: quando saíssem da zona da C+S de Ferragudo, iriam para a urbanização da Bela Vista, de onde saíam não em direcção ao Parchal mas sim à Sardinha Biba (ou o que resta dela ...), saindo assim de uma maneira mais discreta das freguesias limítrofes do concelho de Lagoa. Ao entrar pela ponte velha, só havia duas maneiras de entrar na cidade, ou seguindo em frente pela rua Infante D.Henrique ou seguir o rio virando à esquerda. Os nossos heróis optaram pela segunda via, virando à esquerda na ponte, seguindo a carrinha e as motas caminhos diferentes. A carrinha viraria na rua Santa Isabel até à intercepção desta com a José Buisel. Depois de entrar na José Buisel, viraria na primeira direita, seguindo sempre em frente até chegar à zona da rua do Comércio 9, virando à esquerda em direcção ao cemitério, onde viraria à esquerda, para depois chegar à S.João de Deus e para na Teixeira Gomes (ou então continuar caminho, caso as motos já estivessem na escola). As motos por seu turno, seguiriam sempre em frente até à zona do Pagapouco onde virariam à direita como quem vai para o estádio. No Stop resultante dessa viragem, virariam à direita encontrando assim os semáforos. Nos semáforos mais à frente dividiam-se em dois grupos, seguido uns para a escola pela rua Direita enquanto os outros seguiriam em frente pela Mouzinho de Albuquerque, para depois se encontrarem no cruzamento sul da praça e seguirem em direcção da escola, onde esperariam pela carrinha ou então prosseguiam para o sítio estipulado caso a carrinha se encontrasse já na escola. No dia seguinte, vão até à C+S de Ferragudo, o Sven, o Joaquim e o Cinzento com objectivo de topar os gajos. Depois de uma visualização bem sucedida, pois os estombarenses andavam sempre juntos, estes pseudo-soldados foram até `casa dum antigo companheiro de armas do Joaquim, do Cinzento e do Carrapito, o Crespo, que está a estudar no Fundão, logo não estando cá nos Algarves. Mas o objectivo deles não era falar com ele mas sim com o Crispim o irmão mais novo do Crespo que frequentava a C+S de Ferragudo e podia fornecer os horários de saída dos estombarenses. Feito o pacto com o Crispim, os nossos soldados voltaram à "base", não com objectivo de ultimar mais preparativos para a "Sumo de laranja não comina com broa de milho", mas sim, à excepção do Joaquim, do Bananeirão e do Carrapito, estudar para um previsivelmente dificilíssimo teste de História feito pelo implacável Vladimiro Coitadinho.

    No dia seguinte, a seguir a um extenuante dia de aulas de onde constava o tal teste de história, veio uma boa noticía; o Crispim tinha estado com o Joaquim e forneceu-lhe o horário dos estombarenses, que por mais estranho que pareça, estavam todos na mesma turma. O Crispim acrescentou a estas informações outros factos relativos aos estombarenses: era o 4ºano consecutivo no 9ºano (por lei não é permitido, mas como eram clientes habituais ...), faziam parte da equipa de futebol da escola e cada um tinha em média doze processos disciplinares nos últimos 3 anos. O Joaquim agradeceu-lhe as informações e em troca destas deu-lhe 100$00 prometendo pagar o resto quando tivesse mais dinheiro (o Joaquim dava um bom político ...). Ao fim da tarde, na garagem do Adversúndio decidiram que no dia seguinte (Sábado) iriam equipar os veículos com o material necessário, pois o objectivo era actuar na Quinta-feira à tarde, mais propriamente às 18:00, que era a hora a que os estombarenses saíam das aulas, sendo necessário não deixar qualquer espécie de preparativo para a véspera.

    Estava-se o sol a espreguiçar-se no céu da manhã de Sábado e já toda a trupe estava na casa do Adversúndio de modo a fazer os preparativos fundamentais. Assim começou-se a montar os lança-cola e os lança-redes nas motos. Os lança-cola iriam para as motos do Cinzento e do Carrapito, uma CRM e uma SP respectivamente, pois não possuíam o assento rebatível com espaço para o capacete de modo a comportar o lança-redes. Nas motos destes dois soldados, o botão de accionar o lança-cola estava localizada no botão dos piscas, visto ninguém ligar a estes sinais luminosos de aviso na estrada. Também levariam bombas caseiras em coletes à la Rambo, que depois arremessariam. Estas duas motos também iriam servir para perseguição/encurralamento visto serem as mais rodadas da "armada". Nas motos do Adversúndio e do Sven, uma Vision e uma BW’S correspondentemente, visto terem os bancos rebatíveis, cortando assim as partes destinadas no banco ao passageiro de modo a deixar o lança-redes à vista. O Sven e o Adversúndio iriam também levar bombas caseiras de mesma forma que o Cinzento e o Carrapito 10. A carrinha, uma Mitsubishi M500, ia equipada com o equipamento de navegação e de localização, sendo que neste iriam aparecer as motos e se possível os estombarenses; a conduzir a carrinha iria obviamente o Bananeirão, sendo a navegação coordenada pelo Raimundo, a localização das motos lança-cola pela Francelina, a localização das motos lança-redes pela Lúcia luísa e a localização que se planeava fazer dos estombarenses era responsabilidade da Lobélia. O Joaquim estava guardado para o momento final ... Depois de um dia aturado de trabalho (nem sequer almoçaram), lá conseguiram realizar o trabalho todo, onde se incluiu as coisas atrás referidas e ainda a feitura de dois microchips localizadores que ainda estavam para ser postos com a colaboração do Crispim em dois estombarenses. Depois de tudo isto, foram todos para a Rocha "aliviar o cansaço", não cabendo em si de ansiedade. No Domingo, o Cinzento desloca-se a casa do Crispim de forma a entregar-lhe os microchips. O Crispim aceitou a oferta mas só a troco de 300$00, prometendo telefonar na tarde de Segunda-feira para o Joaquim para contar se colocação dos chips tinha sido bem sucedida. Na Segunda-feira, o Joaquim recebe a chamada de um dorido Crispim que levou uma carga de porrada ao colocar os chips nos dois estombarenses por ele (Crispim) escolhidos. Contudo, foi bem sucedido permitindo assim que a operação não fosse água abaixo caso se desse a fuga dos estombarenses. Os restantes dias até ao prazo estipulado foram de um stress imenso. O Joaquim e o Carrapito não conseguiam jogar computador nas aulas de informática enquanto o Raimundo, o Adversúndio, a Lobélia, a Lúcia Luísa, a Francelina e o Sven não conseguiam adormecer nas aulas.

    Era chegada quinta-feira. Nesse dia, o stress demonstrou que a sua capacidade de "desgracidão" era enorme e não tinha limites, por outras palavras, o Joaquim e o Carrapito fingiram-se doentes só para não virem à escola, mas não faltando à operação. Com os outros também se deu o mesmo problema, embora não tenham faltado às aulas: o Raimundo só dizia coisas erradas cada vez que abria a boca nas aulas, o Adversúndio tinha uma atenção tal, que seguia os professores com os sentidos aguçados de forma alerta não lhe escapando sílabas, passos ou perturbações respiratórias, o Cinzento escrevia coisas sobre a matéria dada na altura, anotando qualquer afirmação que o professor proferisse, a Lobélia não estava a embirrar com a Francelina e a Lúcia Luisa não estava a criticar mentalmente alguns lentes e aulistas. No último intervalo antes do fim das aulas e do início da operação, todos os operacionais encontraram-se, à excepção do Bananeirão que tinha aulas na universidade, não tendo ninguém coragem para proferir palavra alguma. Mas nisto aparecem a Hildebranda e a Amélia a disturbar aquele yoga espontâneo:

HILDEBRANDA: Então que jeito estarem todos aqui parados, calados. Parece que tão a meditar, tão nervosos ou o caraças ...

LÚCIA LUÍSA(fúria contida): Interessa-te muito, saber porque é que estamos assim?

HILDEBRANDA: Ó pá, não. Podem ficar aí quietos que a mim não me importa ... (virando-se para a Amélia) Olha lá Amélia, aquela gaja que vai ali a passar, ehm, diz lá?

AMÉLIA: Aquela para brincar connosco, à construção civil, quem sabe, eu fumando SG Gigante, tu bebendo uma Cristal, e quando acabasses a Cristal ias por a garrafa aqui no meu vidrão ...

HILDEBRANDA(quando todos se apercebem da cena): Ó Amélia, aqui não ...

   E afasta-se o casal, deixando os nossos heróis desconcentrados mas também mais descontraídos. Apesar disto, não balbuciaram qualquer sílaba. Eis que chegam a Beatriz e a Segismunda fazendo um certo escândalo:

BEATRIZ: Adversúnd, então por que é que estás triste, homem.

ADVERSÚNDIO: Não é nada, não é nada ...

BEATRIZ: Mas tás tão taciturno, homem. O que é que se passa?

SVEN: É pá, és mesmo cusca Beatriz. Então para que é que queres saber o porqu~e dele estar assim?

BEATRIZ: Ó pá, era só para saber se ele hoje ia à explicação. È que ele está tão parado que pensei que não estivesse bem e assim faltasse à explicação. Era só para saber isso.

ADVERSÚNDIO: Por acaso, hoje até nem posso ir à explicação. Tenho umas coisas para tratar.

BEATRIZ: Então está bem, eu digo isso à explicadora. Tchau.

TODOS: Ide com Deus.

    E assim passaram os últimos momentos escolares do dia. Às 15:00, reuniram-se todos junto à casa do Aversúndio, juntando-se já a eles o Bananeirão. Ligaram os sistemas de navegação e localização, foram por gasolina nas motos e gasóleo na carrinha. Instalaram também intercomunicadores nos capacetes, de modo a facilitar a coordenação entre todos. Às 17:55, iniciaram o caminho em direcção a Ferragudo, onde chegaram às 18:00, mais propriamente às imediações da C+S. Quando dá o toque de saída, os nossos heróis esperam 10 minutos até terem os estombarenses no seu campo de visão, facto que estavam já a prever devido ao sinais emitidos pelos chips localizadores. As motos avançam e o Carrapito joga uma bomba caseira, que causa o efeito pretendido, deixando-os estarrecidos no meio do espaço onde se encontravam durante cinco segundos, começando em seguida a correr. O Sven e o Adversúndio partem na perseguição aos quatro estombarenses, sendo seguidos pelo Cinzento e pelo Carrapito. O Sven dispara uma rede, e com esse disparo consegue capturar dois estombarenses. A carrinha chega para os recolher, enquanto os motards estão na perseguição dos estombarenses que encontravam os mais surpreendentes atalhos, dificultando a vida aos nossos heróis. Contudo, o Cinzento nem esperou por alguma tentativa dos lanç-redes, disparou um jacto de cola que apanhou logo os dois estombarenses que restavam. Procedeu-se à sua transferência para a carrinha, sendo que estes dois tinham que ir descalços pois a cola tinha prendido as suas sapatilhas ao chão.

    Depois de recolhidos, os veículos começaram o caminho de retorno. Prosseguiram a rota pré-planeada de que já se deu conta em linhas anteriores. Chegados à Teixeira Gomes (as motos chegaram primeiro), dirigiram-se para a V6 até ao MinMer, onde viraram à esquerda como quem vai para Lagos, mas virando logo na primeira direita , entrando na zona industrial do Coca Maravilhas, virando à esquerda na entrada, virando depois á primeira direita, seguindo em frente e virando à direita junto ao restaurante dos trolhas. Nessa recta seguem em frente até ao cruzamento do antigo aviário, onde viram à esquerda penetrando no Portimão rural com o intuito de chegar ao sítio da Cabeça Boa, onde levaram os estombarenses para uma casa abandonada, como as muitas casas abandonadas que existem por esse campo algarvio, e que são utilizadas, principalmente na Cabeça Boa, para rituais de procriação protagonizados por jovens casais. Só que desta feita a procriação feita não era para resultar em filhos, mas sim declarações. Não se pense que iriam molestar sexualmente os estombarenses, nada disso,, mas iriam a persuadi-los de qualquer maneira. Jogam os estombarenses para o chão e começam o interrogatório:

SVEN: Então meus jovens, estavam às 14:30 da Terça-feira de Carnaval.

1º ESTOMBARENSE: Távames na praça a jegar laranjas uns às otres.

CINZENTO: Têm a certeza que não estavam fazer algo semelhante a isso, mas a um ser humano?

ESTOMBARENSES: UHN?!

CINZENTO: Repito, meus energúmenos. Não estavam vocês a dar porrada neste rapaz aqui?

    E eis que aparece o Joaquim à porta da casa. O Joaquim que antes fora humilhado, espezinhado, alaranjado entre outros –ados negativos mais, estava agora altivo, superior aos reles que o tinham rebaixado. Ao vê-lo, os estombarenses sentiram um arrepio na espinha:

JOAQUIM: Então, estão bonzinhos? Eu não estava bonzinho naquela tarde de Carnaval. E esse meu estado de não-bonzinho é devido a vós. Portanto, queredes vós que vos esportule o troco da saraivada de que fui alvo?

ESTOMBARENSES( que não percebendo nada do que o Joaquim disse, disseram uma expressão universal para estas ocasiões): Não, não, não!!!!!

JOAQUIM: Pois. Não faças aos outros o que não queres que façam a ti, como se costuma dizer. Então eu desculpo-os e deixo-os ir em liberdade, mas só com uma condição.

2ºESTOMBARENSE: Cal é a condção?

JOAQUIM: É vocês irem agora falar com a minha mãe para lhe dizer o que é que se passou naquela tarde, pois ela não acredita no que se passou.

3ºESTOMBARENSE: Atão, mas agora na temos em Estõmbar ...

FRANCELINA: Claro, ó burro. Mas achas que a gente íamos te deixar aqui. Vê-se mesmo que estão no 9ºano há quatro anos seguidos.

RAIMUNDO: Francelina, não sejas tão antipática para com os nossos convidados. Porque é que não lhes uma bebida em vez de os insultares?

FRANCELINA: Ah, é verdade. Obrigado por me teres lembrado isso, Raimundo. (dirigindo-se aos estombarenses) Vão todos tomar uma bebida que fizemos especialmente para vocês ...

    Maquiavélicamente sorrindo, a Francelina foi buscar a poção da verdade, que ela própria ministrou. Pouco tempo depois a poção começou a surtir efeito, facto que foi testado pelos heróis através de um questionário:

CARRAPITO: Ora então vamos lá ver se a poção dá resultado 11. Então digam-me lá, alguma vez deram porrada com gosto neste rapaz (apontando para o Joaquim)?

ESTOMBARENSES: Não, nunca gostámos de dar porrada a ninguém.

LOBÉLIA: Se eu fosse a vocês, falava a verdade senão têm que repetir a dose de que vez que parece que estão a contar uma mentira ...

ESTOMBARENSES: Prontes, prontes. Gostames dandar à porrada, parecemes lá o Van Dãm, o Chvarznêga, esses assim. Tamem gostamos de dar porrada nesse gáj aí. É pá perdoa-nos pá, era Carnaval, só tu é que levaste mal ...

SVEN: Ai ainda gozas ... Quando chegares a Estômbar e depois de confessares o que fizeste na verdade, vais ver a linda figura que vais fazer ...

    Com os estombarenses aterrados com algo que ainda não tinham a certeza do que era, a nossa força partiu para Estômbar, onde se procedeu ao repôr da justiça. Chegados a casa do Joaquim, deixaram este e os estombarenses a sós. O Joaquim toca à campaínha, vindo a mãe à porta, perguntando esta:

MÃE: Boa noite Joaquim Manuel. Então isto é que são horas de chegar a casa, ehm? Perdeste o comboio, foi? Então e esses aí, são teus amigos?

JOAQUIM: Não propriamente. Eles até te querem dizer uma coisa...

MÃE: Mas que digam depressa que eu tenho o jantar ao fogo!!

ESTOMBARENSES(algo assustados): B-b-em, a senhora lembre-se de na terça-fêra de Carnaval o sé filh ter aparecid em casa cobert de sume e polpa de laranja?

MÃE: Lembro-me pois! Então o que vocês me querem dizer, é que form vocês que lhe deram a broa de milho!? Então não têm vergonha!... Alimentar um vício maligno ... Eu devia chamar agora a polícia ...

ESTOMBARENSES: Nã, né nada disse. O cagente queria dzêr é que fomes nós quem dé porrada e cagou com laranjas o sé filho.

MÃE: Ai foram vocês??!!! Ah malinos d’um raio. Estragaram-me o raio da roupa. Vou já fazer queixa ali à guarda, venham já comigo!

JOAQUIM( num tom sarcástico): Não é preciso, mãezinha. Eles já aprenderam a lição, não aprenderam rapazes ?

ESTOMBARENSES: Aprendemes, aprendemes!!!!

    Desculpando-se, os estombarenses foram-se embora, sem antes serem encurralados pelos nossos, que os obrigaram andar em pelota pela aldeia de Estômbar a fora, dando cumprimento à promessa que o Sven lhes tinha feito, pouco antes de partirem para Estômbar.

    Voltando ao Joaquim e à sua mãe, iremos assistir a uns momentos de alegria familiar nas linhas seguintes:

MÃE: Então afinal até nem tinha sido culpa da broa de milho. Desculpa lá, Joaquim.

JOAQUIM: Eu perdoo-te, eu perdoo-te ...

MÃE: Não abuses da sorte. Agora estou contente é por ver que a broa de milho já não te provoca aquele efeito que tira do sério completamente.

JOAQUIM: Até tenho melhores notícias do que isso. Lá na clínica, há cerca de três dias, puseram-me em frente a broas de milho e eu nem tentei a levantar um dedo que fosse em sua direcção. Comecei agora o tratamento à base de croissants com geleia de framboesa, que é o tratamento final.

MÃE: Estou tão orgulhosa!!!

    E irrompeu num choro de alegria pelo facto do filho se mostrar capaz de lutar ombro-a-ombro com o flagelo da broa de milho, mas também pelo facto de não ter expulso o filho de casa devido a um crime que ele não tinha cometido.

    E qual é a moral da história? É que a vingança quando bem justificada, tem toda a razão de existir, não necessitando de derrramamento de sangue ou coisa do género. O Joaquim se não tem recorrido à vingança, daqui a uns meses estaria a viver debaixo da ponte velha. Agora está na maior com os amigos, perdeu o vício da broa de milho e está à espera de colocação nas obras. É a vida.

FIM

ÚLTIMA HORA: Há indícios de que o Joaquim está agora viciado em bolas de Berlim ...

Vale da Arrancada, 5 de Março de 1999

Legendas:

1- Está cientificamente provado que não é a laranja o legume que tem um maior teor de Vitamina C na sua essência, é sim o pimento verde; 2- Nas falas das estombarenses (O Joaoquim é natural de Matosinhos), usa-se uma espécie de dialecto algarvio; 3- O autor não pretende difamar a CP...; 4- 2.50 EUROS; 5- O autor não tem tanta certeza...; 6- O Joaquim está no Algarve há tanto tempo que já ganhou uma pequena pronúncia; 7- O autor não relata o plano agora, pois quer que o/a caro(a) leitor(a) acompanhe as suas fases de execução a par e passo; 8- Termo tecnológico de Merda; 9- Rua das Lojas (informação para leigos); 10- nda.: o di Bianco também queria participar nesta operação, mas ainda está à procura da mota que perdeu no seu dia de aniversário; 11- Quero lembrar ao meu caro leitor que os ingredientes da poção são óleo de fígado de bacalhau, piri-piri e sal.


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